Série Perdida – Carina Rissi

(Foto: Divulgação)

Autora brasileira usa uma história amor para mostrar o que é realmente importante

Vou confessar para vocês: eu não esperava muito da história de Perdida quando vi a capa do livro e comecei as primeiras páginas. Na trama, a jovem Sofia, que vive no nosso tempo, compra um celular e, ao usar o aparelho, é transportada para o século XIX. Quando li essa premissa, achei que a história seria muito boba. Como eu estava errada, queridos leitores e leitoras do blog.

Partindo dessa trama, a brasileira Carina Rissi escreve como a garota, que não acreditava em casamentos e nem era romântica, encontra o amor de sua vida, que havia nascido muitos anos antes dela.

Sofia é uma jovem independente, passou a trabalhar e se sustentar após a trágica morte dos pais, em um acidente de carro. Sem outros parentes próximos, e nem uma grande paixão, ela tem apenas os amigos Nina e Rafael para lhe fazem companhia. A rotina de Sofia é como a minha e a sua: de casa para o trabalho, sem grandes novidades.

Quando ela compra um novo celular de uma estranha vendedora, acaba sendo transportada para o século XIX, onde conhece Ian Clarke. Um jovem com aproximadamente a sua idade, que é um perfeito cavalheiro: respeitoso, cuidadoso e com um grande senso de honra e justiça.

Logo após o encontro de ambos já sabemos o que vai acontecer: Sofia e Ian se apaixonam perdidamente (com o perdão do trocadilho, rs). Em suas linhas, Carina Rissi coloca situações que todo casal apaixonado passa: desde momentos de amor profundo e entrega, até brigas bobas por conta da personalidade de cada um.

~ Cuidado, a partir de agora o texto pode ter spoilers da história ~

Depois de tantos desencontros, o segundo livro, Encontrada, é um dos mais redondos, na minha opinião. Enquanto o primeiro foi praticamente uma apresentação desse mundo (apesar de funcionar muito bem sozinho), a sequência tem um grande foco nas diferenças de personalidade entre Ian e Sofia: como um jovem do século XIX, Ian é cuidadoso, quer ter sua mulher sempre por perto, bem cuidada e segura. Já Sofia – uma de nós – dispensa todo esse zelo e, apesar de ver o sentimento por trás disso, quer ter suas próprias responsabilidades, sair, fazer coisas, ter sua própria renda e ajudar seu parceiro.

(Foto: Verus Editora)

Não quero estragar a experiência de ninguém, então não vou entrar em detalhes, mas Encontrada repete uma característica ótima que Carina já mostrou no primeiro livro: a descrição dos sentimentos dos personagens. Até este momento, vemos a história pelo ponto de vista da Sofia, e a autora revela para nós cada pequeno detalhe que a jovem percebe em Ian: quando ele parece preocupado, tenso, feliz, apaixonado. Apenas com isso já é possível suspirar em cada página.

Fechando a trilogia, Carina Rissi nos presenteou com Destinado, um livro que já começa diferente: ao invés de Sofia, vemos agora tudo o que acontece pelo olhar de Ian. E, gente, como é bom quando o autor se arrisca a algo assim. Todas as preocupações, medos e inseguranças de Ian passaram a estar ali na nossa frente, exatamente como tínhamos antes com a Sofia.

Aqui, vemos como Ian sofreu com a morte precoce dos pais, sua preocupação com a irmã Elisa e sua completa adoração por Sofia.

E, como se isso não fosse risco suficiente, Carina resolve mostrar como viagens no tempo podem ser confusas e mudar tudo e nos joga em uma trama que dá um frio na barriga, cheia de experiências novas.

(Foto: Verus Editora)

Eu sei que, por fora, parece a história do amor perfeito: uma jovem sozinha encontra o cavalheiro perfeito e eles se apaixonam por toda a eternidade.  Mas esse é o pano de fundo que Carina usa para nos revelar muitos sentimentos e coisas importantes da vida.

O sentimento de Ian e Sofia é exagerado? Talvez. Mas esse rapaz do século XIX, que foi criado para cuidar de sua família, ser alguém de bem e respeitar as pessoas ao redor, carrega consigo muitos valores que são difíceis de encontrar hoje em dia. Possivelmente é por isso que nos apaixonamos por Ian e Sofia e por todo esse amor que ambos criam em torno de si.

Ainda no começo da história, a autora também aponta como Sofia era apegada às tecnologias do nosso tempo e precisou se desligar disso para viver seu grande amor. Claro, isso nunca vai acontecer com nenhuma de nós (a não ser que uma fada madrinha apareça), mas o recado está dado: às vezes nos importamos demais com coisas materiais e passageiras, e deixamos momentos importantes com quem amamos passarem.

Carina Rissi amarra sua história de uma forma primorosa, redonda e que só nos deixa com vontade de mais. A própria autora já disse que pretende lançar outros livros da série, incluindo da personagem Elisa. 


Rissi estará na Bienal do Livro de São Paulo, então fique de olho em nossa página no Facebook, para acompanhar toda a cobertura. Até a próxima ;)

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