Esse
livro foi tão bom que eu não sei por onde começar a elogiá-lo. A trama é
completamente original, com um mundo onde a violência gera a criação de
monstros, que acabam aterrorizando a cidade onde os protagonistas moram.
Não espere muito romance, já que a trama realmente foca no aspecto político da
cidade e no desenvolvimento do mundo. Porém, se você é fã de muita ação,
reviravoltas, algumas cenas de suspense e uma interação brilhante entre os
protagonistas, não perca a chance de conhecer essa história incrível. A autora se esforçou para demonstrar que as linhas entre o branco e o preto são
borradas e difíceis de distinguir, e que nem tudo é o que parece ser no
primeiro momento.
August e Kate não poderiam vir de mundos e famílias mais diferentes ou ter objetivos
mais distintos, porém ainda assim (ou talvez justamente por isso) as cenas
em que eles estavam juntos eram absolutamente brilhantes. August é um
"monstro humano", um sunai que foi criado da violência e é capaz de
matar os humanos com a música que cria em seu violino. Entretanto, apesar de
não ser realmente humano, August tem desejos, medos e necessidades muito
humanas. Senti como se o protagonista fosse um pouco inocente, protegido dos
horrores do mundo por seu "pai", e isso acabou tornando-o uma pessoa
boa no fundo.
Kate é o completo oposto de August. Cruel, independente, sempre sob controle,
Kate parece conseguir prever o que acontecerá de modo a estar sempre três
passos a frente das outras pessoas. Apesar de ter muito poder, e de ter a opção
de viver longe de uma cidade controlada por monstros, o maior desejo de Kate é
se provar para seu pai e assumir os "negócios da família",
controlando os monstros que controlam a cidade. O mais estranho é que Kate pode
parecer uma pessoa suicida, mas a autora consegue fazer com que as motivações
dela façam todo o sentido.
Você não adora quando o autor consegue desenvolver muito bem os protagonistas e
mesmo assim encontrar espaço para mostrar os outros personagens carismáticos?
Os dois sunais que são irmãos de August foram meus favoritos, completamente
diferentes e ainda assim aterrorizantes, cada um de sua maneira. O pai de Kate
não conseguiu me convencer de sua maldade, porque era possível ver o pai
preocupado por traz do homem poderoso.
Minha parte favorita do livro provavelmente foi que nenhum personagem era
totalmente mal ou bom, todos tinham suas motivações e, quer o leitor
concordasse com elas ou não, faziam todo o sentido. Eu já
esperava que fosse muito bom, mas foi melhor. Honestamente vi pouquíssimos
defeitos nesse livro e não consigo lembrar de uma situação em que não estivesse
completamente envolvida na trama. Só me resta aguardar o próximo.