(Foto: Divulgação)
Música dá o tom de história sobre perda, amor, família e
superação
Adaptado para os cinemas em 2014, Se Eu Ficar foi publicado
por Gayle Forman contando a história de Mia Hall, uma jovem fã de música
clássica e violoncelista que se apaixona por Adam Wilde, o vocalista e
guitarrista de uma banda de rock que ainda busca o sucesso.
Entre as tramas comuns de um namoro adolescente: as
inseguranças, desencontros, as primeiras vezes de várias coisas, Mia sofre um
acidente de carro, onde perde sua família – os pais e o irmão caçula – e fica
entre a vida e a morte. Durante o período em que está em coma, a “alma” da
protagonista permanece no hospital onde está internada, vendo o próprio corpo
inerte, sabendo das coisas que aconteceram e, acima de tudo, decidindo se vai
ou não ficar nessa vida sem seus familiares.
(Foto: Editora Novo Conceito)
O interessante da história escrita por Forman é a carga
sentimental colocada em cada linha, em cada pensamento e em cada fala dos
personagens. Por tratar de um assunto tão profundo como a morte da família, a
autora consegue tratar do luto de uma forma profunda, delicada e repleta de
sentimentos que fazem os leitores pensarem em suas próprias memórias de
infância, em seu próprio relacionamento com os entes queridos, sem diretamente
dizer a frase: “valorize o que você tem”, mas deixando isso implícito.
O relacionamento entre Mia e Adam – e a paixão de ambos pela
música – conduz toda a história, mostrando todo o desenvolvimento desse
relacionamento improvável e o sofrimento de ambos após o acidente.
Pela descrição pode até parecer um livro triste, e isso
tinha tudo para acontecer, mas Forman tem um controle tão grande de sua
escrita, que todas as tramas, mesmo as mais difíceis, se desenvolvem de forma
natural e sem parecerem forçadas para quem está lendo. Se Eu Ficar é, acima de
tudo, uma jornada de amadurecimento, de conhecimento e de escolhas.
~ Cuidado, o texto abaixo tem spoilers do segundo livro da
série ~
Para surpreender o leitor, Forman decidiu escrever a
continuação Para Onde Ela Foi pelos olhos de Adam. Interessante que, nas
primeiras linhas, não é possível saber quem exatamente está narrando. Só temos
certeza quando o agora astro de rock começa a falar de sua rotina.
(Foto: Editora Novo Conceito)
O segundo livro se passa anos depois do final do primeiro,
mostrando que Mia acordou do coma, mas não está com Adam. Ela foi estudar
música clássica e ele se tornou famoso com o sucesso da banda Shoooting Star.
Ambos se separaram em algum momento da vida e a raiva dessa situação foi o
combustível para Adam compor o disco que levou seu grupo ao estrelato.
Aqui, a autora faz questão e citar os nomes das músicas e
pequenos trechos entre os capítulos, que nos faz querer ouvir de verdade o
álbum da Shooting Star.
Já adultos, Mia e Adam seguiram caminhos diferentes: ela
usou a música para se recuperar e frequenta terapias, enquanto ele virou alvo
da mídia e dos fãs, que o sufocam dia após dia e o impedem de ter uma vida
normal. Adam é ansioso, começou a fumar e tem constantes ataques de pânico em
multidões: tudo como reflexo da carreira meteórica conquistada em pouco tempo.
No livro, o casal da adolescência se encontra e tenta resolver
o que aconteceu no passado: as mágoas que cada um carrega e as feridas que
ainda doem. No fundo, o sentimento é que os livros de Forman são para isso mesmo:
mostrar as dores de Mia e Adam, que refletem as nossas próprias dores da vida,
e como eles lidaram com isso. Assim como
o primeiro, Para Onde Ela Foi é repleto de um sentimento quase palpável, que
nos faz criar um carinho e uma conexão importante com os protagonistas.
O que posso dizer é que existem muitos ensinamentos e
conselhos nas palavras de Gayle Forman. Alguns são mais diretos, outros ficam
mais implícitos, mas tudo ali gira em torno de nos dizer alguma coisa e,
talvez, tornar cada um de nós melhores.
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