A Joia – Amy Ewing

(Foto: Divulgação)

Autora que vem para Bienal em SP estreia com livro denso

Ao ver uma capa bonita como de A Joia, provavelmente você espera algum romance com desencontros, que chega a um final feliz. Pois é, eu esperava isso e estava bem enganada.  Pelo menos por enquanto.

Na trama, escrita por Amy Ewing, que estará no Brasil em 2016 para a Bienal do Livro de SP, conhecemos a Cidade Solitária, local descrito como uma espécie de ilha que é protegida por um grande muro e separando em cinco círculos, de acordo com suas funções: o Pântano, onde nossa protagonista Violet nasceu, a Fazenda, a Fumaça, o Banco e a Joia, sendo este último o lugar habitado pela realeza. Essa separação de “castas” não é algo novo para nós, fãs de literatura. Jogos Vorazes tem isso, A Seleção também, e Amy consegue usar esse artifício mais uma vez, porém sem ser repetitivo.
(Foto: Editora Leya)

O grande problema da Cidade Solitária é que há muito tempo a realeza parou de conseguir ter filhos, o que coloca em risco toda a linhagem. Então, um médico descobriu que algumas jovens do Pântano tinham dons chamados de Presságios. Essas garotas especiais, capazes de usar o poder para alterar objetos e até criar novos, conseguiam ter os filhos da realeza, através de inseminação artificial. É aqui, talvez, que a autora tem mais coragem de tocar em assuntos difíceis. Quando são diagnosticadas com os Presságios, essas meninas passam a ser as Substitutas, que tem a obrigação (sim, obrigação) de servir as famílias ricas com sua fertilidade. Elas são tiradas de suas casas, ficam em uma escola por vários anos para aprenderem melhor como usar os Presságios e são leiloadas em um grande evento onde as famílias reais escolhem aquelas que darão a luz aos seus filhos.

Acho importante estabelecer toda essa parte acima, pois é um dos pontos importantes do livro. Essas garotas não têm escolha. Se uma jovem com os Presságios foge e é descoberta, a pena é a morte. É uma realidade muito dura e a sentimos o tempo todo através da personagem Violet. Depois de ser vendida e ir para uma grande casa dentro da Joia, ela descobre que corre um grande risco de vida, mas tem uma única chance de se salvar e, talvez, começar a ajudar outras garotas criadas como ela apenas para servirem de barriga de aluguel.

No entanto, no meio de tantos bailes e festas onde as Substitutas são exibidas como animais de estimação, Violet conhece Ash, um jovem que está na casa também por um motivo que assusta: ele é um acompanhante das jovens da realeza, que não chega a dormir com elas, mas "ensina" como devem se portar para conseguir um bom casamento. Já para as grandes senhoras, Ash é praticamente um acompanhante de luxo, que elas veem apenas como um garoto bonito para satisfazer suas vontades.

Apesar de terem pouco tempo juntos, Violet e Ash se apaixonam e arriscam tudo, tudo mesmo, até suas vidas, para viverem nem que seja uma fração desse amor. Sei que pareço repetitiva, mas é o perigo e esse poder de tocar em assuntos difíceis que colocaram Amy Ewing em outro patamar de leitura para mim. Talvez com a descrição acima você repare em alguns “clichês” literários, mas isso é apenas um pedaço de uma história que promete ser muito mais complexa.

Nossa protagonista Violet sofre... Sofre psicologicamente desde os 12 anos, quando foi tirada de sua família e sofre fisicamente quando é dopada ou examinada como um objeto. É um livro que não vai te dar muitos sorrisos, mas cria boas analogias com o que vemos em nossa sociedade hoje e não tem medo nenhum de narrar cenas chocantes e violentas para mostrar que todos ali correm um risco real.

A história de Violet termina em um ponto crucial e os leitores brasileiros ainda precisam esperar pelo segundo livro, The White Rose, que deve ser lançado ainda em 2016 pela Editora Leya e The Black Key, terceiro e último volume, que será lançado no exterior no final deste ano, e ainda não tem data para chegar ao Brasil.

 (Fotos: Divulgação)

Particularmente, tenho muitas esperanças para a série. Apesar de ter revelado muito sobre esse mundo da Cidade Solitária, a autora deixou muitas coisas no ar, que devem deixar a trama dos dois últimos livros ainda mais cativante.
Sugiro que leiam A Joia e se preparem, pois Amy Ewing estará em São Paulo para a Bienal do Livro, que acontece de 26 de agosto a 4 de setembro. Nós do Última Página estaremos na Bienal e esperamos trazer muitas novidades. Fiquem de olho e até a próxima ;)


Compartilhe:

Deixe seu comentário

0 comentários:

Postar um comentário