Uma Loucura Discreta - Mindy McGinnis
A beleza pode esconder uma outra face, além do que é mostrado externamente, uma face obscura e sinistra. Será que Grace Mae tem isso dentro de si? Uma Loucura Discreta se inicia na cidade de Boston, em 1890, com uma garota aos gritos, dizendo haver aranhas em suas veias. Um cenário nada agradável para Grace Mae, nossa anti-heroína. Ela sabia que os horrores imaginários eram apenas isso, imaginários. Nada a feri-la realmente.
Mandada para o Asilo Psiquiátrico Wayburne à força pelos familiares, Grace passa seus dias em silêncio, apenas sentindo os horrores que a senhora Croomes e o doutor Heedson a fazem passar. A única amiga que tem é a senhora Clay que a protege o quanto pode, mas como também é uma hóspede ali, não pode fazer muita coisa.
Os dias transcorrem com normalidade, na medida do possível em um lugar como aquele, até que um acontecimento deixa Grace fora de si. Ela tem um surto e é mandada, como castigo, para o porão. No escuro, Grace acaba por arranjar um inusitado amigo, o senhor Falsteed. Com um bom coração, Falsteed está disposto a ajudá-la a ter uma vida de verdade fora dali e para isso, ele aguarda a chegada do doutor Thornhollow, um homem que aplica um método para dar paz aos residentes do asilo, para então lhe pedir um favor. Falsteed tem um plano para que Grace consiga sair dali.
Levada pelo doutor para um novo asilo, em Ohio, onde tem uma vida muito diferente do asilo de Boston, Grace pode fingir que sua antiga vida nunca existiu. A partir da união de Grace e Thornhollow, a história se desenrola muito mais rápido. O doutor é um estudioso de psicologia criminal e seus serviços são prestados à polícia em seu tempo livre. E agora com Grace, ele pode utilizar a mente brilhante da garota para desvendar um assassino em série.
O acabamento do livro está muito bem feito e atrativo. A capa é o que mais chama atenção ao olhar para o livro. As folhas e as letras são confortáveis a vista, o único empecilho que temos é que devemos forçar um pouco as folhas para deixá-las mais abertas para a leitura. A narração é em terceira pessoa com a visão Grace Mae.
(Foto: V&R
Editoras S/A)
Enquanto lia, eu tentava
adivinhar os horrores que Grace viveu até chegar ao asilo. Ela estava
sempre tão calada, apenas escutando as conversas ao redor. Apenas vivendo para
um único propósito, depois disso o futuro parecia incerto ou talvez não incerto
assim. Não vou dizer qual era o propósito, não é spoiler,
mas prefiro deixar vocês descobrirem quando lerem.
Durante a leitura Uma Loucura Discreta me lembrei de um outro livro do qual
vi resenha, o Garota
Interrompida, que fala sobre jovens que são colocadas em um centro
psiquiátrico por não seguirem as regras da sociedade. Uma prática bem comum
para as famílias que querem esconder as ovelhas negras da família, tratando-as
como descartáveis.
Uma Loucura Discreta segue a mesma linha, mas o livro não foca nisso. O
livro vai de centros psiquiátricos até assassinatos em série pelas redondezas
de Ohio. Em relação a esses assassinatos, Grace e
o doutor Thornhollowtentam entrar na mente dos criminosos e eu fiquei abismada com a mente
brilhante deles quando juntos. Como por exemplo, a forma que eles conseguem
destrinchar pequenos detalhes a partir de cheiros e da posição do corpo. A
combinação dos dois foi um achado e tanto para a polícia, apesar de não haver
muito reconhecimento dessa parte, para seus métodos nada convencionais de
soluções.
O final foi uma surpresa
para mim, não imaginava que a autora iria dar uma reviravolta no caso e seguir
por um rumo diferente. O livro tem uma leitura fluida e rápida, quando vemos já
passamos algumas páginas embarcados na leitura, mas não se engane, a história
segue rumos obscuros.
Esse livro tem um tom
brutal. Grace foi bastante
maltratada e a autora não poupa o leitor dos acontecimentos que acontecem com
ela ou com os outros ao seu redor. Os personagens secundários, principalmente
as amigas que Grace arranja no novo asilo, são muito bem construídos e suas
histórias também sombrias. Isso humaniza a história em pequenos aspectos e
ficamos emocionados com a vida deles, mas ao mesmo tempo ficamos surpreendidos
com a crueldade para com eles. A autora tenta nos sensibilizar e consegue com
maestria. O livro realmente tem uma loucura discreta dentro dele, mas em alguns
momentos não. Por vezes, era uma montanha russa de sensações.
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